segunda-feira, 22 de março de 2021

Pandemia faz cidades do interior do país colapsarem, e população pressiona prefeitos

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AGORA MESMO POR FOLHAPRESS
BRASIL INTERIOR

De norte a sul, cidades do interior do país viram seus sistemas de saúde colapsarem no começo deste ano em meio à segunda onda da Covid-19,

"Hoje é que eu tô vendo o que é Covid. Comparado a isso, ano passado a gente não tinha nada, não. E não sabemos quando vai parar. É como se a gente estivesse com os olhos vendados partindo para uma guerra, sem saber o que o inimigo pode fazer".

É assim que o prefeito Isaú Fonseca (MDB), da cidade rondonense de Ji-Paraná, no meio da Amazônia, define a situação da pandemia que esgotou o sistema hospitalar da região.
A mais de 3.000 km dali, na outra ponta do país, o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB), de Santa Maria (RS), usa expressão parecida. "É um inimigo invisível e traiçoeiro, que está agora muito mais fortalecido", diz ele, na cidade onde há mais internados do que leitos de UTI.

De norte a sul, cidades do interior do país viram seus sistemas de saúde colapsarem no começo deste ano em meio à segunda onda da Covid-19, em muitos casos muito mais devastadora do que a primeira.

Sem recursos, sem vacinas, sem vagas, sem oxigênio e agora até sem remédios, prefeitos por conta própria impõem restrições e fecham suas cidades –e são cobrados por isso.

É o caso de Patos de Minas, a 400 km de Belo Horizonte. Nos piores momentos da pandemia no ano passado, em julho e dezembro, a cidade, de cerca de 153 mil habitantes, tinha 40 novos casos confirmados da Covid-19 por dia, em média. Fora desses dois momentos, raras vezes essa taxa passou de 20.

Nesse intervalo, venceu a eleição Luís Eduardo Falcão (Podemos), presidente de uma associação comercial e então contrário às medidas de fechamento da cidade. Ele próprio havia se tratado com cloroquina, remédio considerado ineficaz para a Covid-19, em outubro. "Achei que deveria usar todas as armas e naquele momento entendi que não havia tanta certeza sobre a eficácia ou não", diz.

Já na cadeira de prefeito, viu disparar o número de casos e a média diária chegar a 300 em fevereiro. E a região inteira entrou em colapso, e cidades como Coromandel e Carmo do Paranaíba precisaram pedir socorro ao Corpo de Bombeiros para remover pacientes de helicóptero para cidades distantes que ainda tinham vagas.

É o caso também de Uberlândia, onde só neste mês de março já morreram mais de 400 pessoas com a doença.

No meio de fevereiro, Falcão impôs toque de recolher noturno e fechamento de comércios. Em março, veio decreto do governo Romeu Zema (Novo), com mais isolamento em toda a região.

A conta chegou para o prefeito, que foi cobrado por comerciantes. Vídeo de um jornal local mostra os manifestantes pedindo que, para permitir a reabertura, a prefeitura imponha um protocolo de "tratamento precoce" contra a Covid, conjunto de medicamentos sem eficácia comprovada para a doença.

De um mega-fone, o prefeito, que se tratou com cloroquina, grita aos manifestantes: "85% das pessoas chupando laranja ou tomando água vão se curar do vírus", sob críticas dos conterrâneos.

À Folha de S.Paulo, ele explica a mudança de posicionamento. "No hospital vejo gente que tomou esses medicamentos se agravarem, irem para a UTI, até morrerem. Milagre não é. Quem quiser tomar, fique à vontade, o médico tem liberdade para oferecer o que quiser. Agora, prefeito não receita medicamento", diz.

"Entendo os comerciantes, não é justo mesmo penalizá-los. E as pessoas procuram um culpado e uma solução. O culpado é o prefeito e a solução é a cloroquina. Mas não é. O culpado é o vírus e a solução é a vacina", resume.

O fechamento é a medida mais urgente em regiões onde a situação é grave para dar um alívio ao sistema de saúde, diz a epidemiologista Ana Luiza Bierrenbach, assessora técnica da organização internacional Vital Strategies.

Cidades do interior podem esgotar antes das capitais porque o limite do sistema por vezes é mais rígido, diz ela. "A cidade tem 10, 20 leitos, e é isso, não tem espaço para aumentar, não tem para quem recorrer. E quando é uma referência regional, recebe pacientes de cidades vizinhas e colapsa", afirma.


domingo, 21 de março de 2021

Apavorado com a popularidade de Bolsonaro, Lula muda discurso e já pensa em não concorrer em 2022

Lula - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil 21/03/2021

O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva concedeu entrevista ao jornal francês ‘Le Monde’, publicada na última sexta-feira (19), e, aparentemente, está mudando o seu discurso sobre as eleições de 2022.

Apenas alguns dias após ter suas condenações anuladas pelo STF, Lula parece já ter notado que a decisão não melhorou a receptividade da população em relação à sua candidatura.

Logo após receber a notícia da decisão do ministro Edson Fachun, o petista deu diversas declarações em que se posicionou como a ‘melhor opção da esquerda’ para uma disputa eleitoral com o atual presidente, Jair Bolsonaro.

Porém, na entrevista publicada pelo ‘Le Monde’, Lula mudou o tom e, apesar de continuar atacando Bolsonaro, citou a idade como um possível motivo para não participar da próxima disputa presidencial.

“É difícil hoje responder dizendo sim ou não”.
“Eu tenho 75 anos e em 2022, no momento das eleições, terei 77. Se eu continuar em boa forma e se houver um consenso entre os partidos progressistas desse país para que eu seja candidato, não vejo nenhum problema nisso!"
"Mas eu já fui candidato, já fui presidente e já efetuei dois mandatos. Eu também posso apoiar alguém que esteja bem colocado para vencer. O mais importante é não deixar Jair Bolsonaro continuar governando esse país”, declarou ele.

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POLÍTICA
Apavorado com a popularidade de Bolsonaro, Lula muda discurso e já pensa em não concorrer em 2022
21/03/2021 às 11:49
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Lula - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Lula - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva concedeu entrevista ao jornal francês ‘Le Monde’, publicada na última sexta-feira (19), e, aparentemente, está mudando o seu discurso sobre as eleições de 2022.

Apenas alguns dias após ter suas condenações anuladas pelo STF, Lula parece já ter notado que a decisão não melhorou a receptividade da população em relação à sua candidatura.

Logo após receber a notícia da decisão do ministro Edson Fachun, o petista deu diversas declarações em que se posicionou como a ‘melhor opção da esquerda’ para uma disputa eleitoral com o atual presidente, Jair Bolsonaro.

Porém, na entrevista publicada pelo ‘Le Monde’, Lula mudou o tom e, apesar de continuar atacando Bolsonaro, citou a idade como um possível motivo para não participar da próxima disputa presidencial.

“É difícil hoje responder dizendo sim ou não”.
“Eu tenho 75 anos e em 2022, no momento das eleições, terei 77. Se eu continuar em boa forma e se houver um consenso entre os partidos progressistas desse país para que eu seja candidato, não vejo nenhum problema nisso!"
"Mas eu já fui candidato, já fui presidente e já efetuei dois mandatos. Eu também posso apoiar alguém que esteja bem colocado para vencer. O mais importante é não deixar Jair Bolsonaro continuar governando esse país”, declarou ele.

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A nova postura de Lula causa estranheza, já que sempre se posicionou como protagonista político da esquerda no país.

Lula, que já foi chamado de ‘caudilho do PT’ e ‘exclusivista da esquerda’ por vários políticos, até mesmo dentro do próprio partido, pode finalmente ter entendido que a decisão do STF, quanto à anulação, não ajudou muito na recuperação de sua imagem política.

Ou, finalmente, entendeu que passará um verdadeiro vexame caso opte por concorrer em 2022.

Jornal da Cidade Online 

Triatleta de 40 anos morre de Covid-19 no PR

   © Reprodução / Redes Sociais
21/03/21 20:01 ‧ HÁ 16 MINS POR FOLHAPRESS
ESPORTE MADAGUARI

Otriatleta Fábio Torrecillas, 40, morreu neste sábado (20) no Hospital Paraná, em Maringá, a 425 quilômetros de Curitiba. Ele passou dez dias intubado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) após testar positivo para o novo coronavírus. O sepultamento aconteceu no início da tarde de hoje.

De acordo com a família, Fábio teve o diagnóstico confirmado para Covid-19 em 2 de março. Em apenas cinco dias após o teste, o triatleta teve 75% dos pulmões comprometidos pela infecção e precisou de internação. A intubação ocorreu em 11 de março.

"Ele positivou em uma terça-feira e precisou ir ao médico no sábado da mesma semana. Cinco dias depois foi para UTI ser intubado, indo a óbito ontem. O Fábio sentia muito cansaço e na primeira tomografia já apontou 75% dos pulmões tomados pela infecção", disse o marido dele, o empresário Adilson Saldino Batista, 55. O casal estava junto há 20 anos.

Fábio era praticante do triatlo, esporte de alta intensidade que reúne ciclismo, natação e maratona.

Participante das três últimas edições do Ironman Brasil -o maior circuito de triatlo da América Latina-, o esportista se preparava para a Travessia do Leme ao Pontal, no Rio de Janeiro, com percurso de 34 quilômetros, no primeiro semestre deste ano. Em razão da prática de atividade cardiorrespiratória, a agressividade da infecção surpreendeu os familiares.

"Isso surpreendeu a gente porque era muito preparado, fazendo três vezes o Ironman, competindo em outras provas de natação com mais de 20 quilômetros em mar aberto, além de ter feito mais de 1 mil quilômetro de ciclismo em competições na Itália. Então isso deixa todo mundo boquiaberto. Estamos sem acreditar até agora", comentou.

O triatleta foi enterrado na cidade onde a família mora, em Madaguari. A perda da luta contra a Covid-19 gerou comoção de amigos e simpatizantes do esportista nas redes sociais.

"Ele serviu de muita inspiração. Tem gente que, se hoje está nadando e pedalando na região, é por incentivo dele. O Fábio foi um exemplo de vida como pessoa e como atleta, buscando sempre superar os próprios limites", concluiu o viúvo, que pretende montar uma fundação esportiva como nome do triatleta para incentivar a prática esportiva, em Maringá.


Brasileiro Fred, do Manchester United, é alvo de racismo no Instagram

   © Darren Staples/Reuters
AGORA MESMO POR FOLHAPRESS
ESPORTE RACISMO
O volante foi criticado pela atuação na derrota da equipe inglesa contra o Leicester

Ojogador brasileiro Fred, do Manchester United, foi alvo de comentários racistas neste domingo (21), em sua conta no Instagram. Nas mensagens, ele foi chamado de macaco e ironizado com emojis deste animal.

O volante foi criticado pela atuação na derrota da equipe inglesa contra o Leicester. Ele errou no lance do primeiro gol do adversário, que venceu por 3 a 1 e eliminou o United nas quartas de final da Copa da Inglaterra.

Fred não é o primeiro atleta do clube alvo de ofensas racistas. Os atacantes Marcus Rashford e Anthony Martial também receberam comentários de conteúdo semelhante no Instagram e no Twitter, nas últimas semanas, após resultados ruins da equipe.

Segundo a assessoria de imprensa de Fred, ele deve se pronunciar apenas nesta segunda-feira (21). O Manchester United monitora as mensagens para tomar medidas que considerar cabíveis.

As mensagens apareceram três dias depois em que o meia finlandês Glen Kamara, de ascendência de Serra Leoa, acusou o defensor checo Ondrej Kudela de lhe dizer "você é um macaco e você sabe disso" durante partida entre o Rangers (ESC) contra o Slavia Praga, em Glasgow, pela Liga Europa.

Kudela nega ter feito a ofensa, mas outros jogadores do Rangers afirmam tê-la escutado.


Brasil recebe 1º lote de vacinas contra Covid de consórcio internacional

    © Getty Images
AGORA MESMO POR FOLHAPRESS
BRASIL OXFORD/ASTRAZENECA
Essa é a primeira remessa dos imunizantes adquiridos por meio do consórcio global Covax Facility

Oavião com 1.022.400 doses da vacina AstraZeneca/Oxford, contra Covid-19, vindo da Coreia do Sul chegou no fim da tarde deste domingo (21) no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
De acordo com o Ministério da Saúde, a aeronave pousou às 17h32.

Essa é a primeira remessa dos imunizantes adquiridos por meio do consórcio global Covax Facility. Outras 1,9 milhão de doses devem desembarcar no país até o final do mês de março.

O acordo do Brasil com o consórcio global de vacinas prevê 42,5 milhões de doses para este ano. O Brasil é um dos 191 países que integram o Covax Facility para a disponibilização de vacinas de 10 laboratórios diferentes.

O Ministério da Saúde anunciou a distribuição neste fim de semana, a estados e municípios, outras 5 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19.

Do total, 1.051.750 doses correspondem à primeira remessa de vacinas da AstraZeneca/Oxford produzida no Brasil pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e o outras 3,9 milhões, referentes a mais um lote da Coronavac, fabricada pelo Instituto Butantan.

O governo Bolsonaro tem sido cobrado pelas deficiências no plano de vacinação contra o coronavírus, resultado de atrasos em contratos, problemas logísticos e discurso contrário à vacina por parte do presidente Bolsonaro. O país vive seu pior momento na pandemia.


Sem consenso sobre lockdown, RJ discute feriadão de dez dias

   © Reuters
21/03/21 16:53 ‧ HÁ 1 HORA POR FOLHAPRESS
BRASIL COVID-19 RJ

Uma reunião neste domingo (21) do governador Cláudio Castro (PSC-RJ) com prefeitos da região metropolitana fluminense terminou sem acordos sobre lockdown

Após a semana mais mortífera da pandemia no Brasil, governantes do Rio de Janeiro não chegaram a um consenso sobre que medidas tomar para frear o avanço da Covid-19.

Uma reunião neste domingo (21) do governador Cláudio Castro (PSC-RJ) com prefeitos da região metropolitana fluminense terminou sem acordos sobre lockdown. A hipótese mais provável é antecipar feriados de abril e criar um feriadão prolongado de dez dias, entre 26 de março e 4 de abril, para diminuir a circulação de pessoas nas ruas. Sobre ações conjuntas para enrijecer o isolamento social, nada por ora.

Enquanto isso, dirigentes dos três principais museus da capital fluminense, o do Amanhã, o de Arte Moderna (o MAM) e o de Arte do Rio, citaram "coragem e bom senso" ao anunciar que fecharão por conta própria por três semanas.

Não há impedimento legal para que eles continuem funcionando. Em nota, o trio de diretores lembra que pouco mais de um ano atrás as instituições interromperam pela primeira vez as visitas, e que era hora de repetir essa dose diante do iminente colapso do sistema de saúde e de uma campanha de vacinação que segue a conta-gotas.

À Folha Fabio Szwarcwald, à frente do MAM, disse que, na avaliação interna, o medo maior nem era o risco de contaminação para visitantes e funcionários dos estabelecimentos. "Apesar de acreditar que são um lugar seguro, até para quem trabalha lá, o deslocamento para chegar no museu é complexo. Metrô, ônibus."

No caso de um feriadão prolongado, é de se esperar que parte das pessoas, em vez de ficar em casa, aproveite para visitar museus e outros tipos de entretenimento. Outras instituições do gênero, como o IMS (Instituto Moreira Salles) e a Casa Roberto Marinho, também resolveram suspender suas atividades.

O Rio está em estado menos severo do que outros estados, o que não quer dizer que a situação seja tranquila. No domingo, o painel que monitora dados locais da Covid-19 apontava 187 vítimas nas últimas 24 horas e a ocupação de 85,5% nos leitos de UTI reservados coronavírus no estado. A média de espera de uma vaga era de 18,5 horas.

Só na cidade, a pandemia já matou quase 20 mil pessoas, 6,5% das quase 300 mil vítimas brasileiras.

Enquanto isso, a capital do estado continua vivendo a vida quase normalmente. Lojas, bares e restaurantes continuam abertos, num contraste com imagens de ruas esvaziadas em outras cidades do país.

No sábado, a SuperVia afirmou que investigaria uma festa que teria acontecido num de seus veículos na véspera. Um vídeo que circula na internet mostra uma multidão aglomerada num vagão que teria partido da Central do Brasil. Um flyer virtual anunciou o Trem do Funk da Antiga, evento clandestino que teria passado despercebido pelos seguranças da concessionária da malha ferroviária local.

Todos sem máscara, alguns com cerveja na mão, cantando um clássico do funk carioca, o "Rap do Festival": "Massa funkeira, não me leve a mal/ Vem com paz e amor curtir o festival/ O festival daqui é muito bom/ O festival é um jogo de emoção".

Na sexta (19), um decreto da Prefeitura do Rio determinou a interdição da orla carioca. No fim de semana, contudo, surfistas e banhistas burlaram a proibição de frequentar praias.

Apenas entre a manhã deste sábado (20) e domingo (21), agentes municipais registraram 804 infrações a medidas sanitárias, entre multas e interdições de estabelecimentos, não utilização de máscaras, aglomerações, infrações de trânsito, reboques, encerramento de feiras, apreensões de mercadorias de ambulantes.

Na madrugada, a prefeitura fechou uma festa clandestina em Botafogo (zona sul carioca) com cerca de 150 pessoas. O festejo incluía show de pagode e transfer da praia de Botafogo até a casa que abrigava o festejo ilegal.

Se não houve concordância para medidas conjuntas com o governo, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM-RJ), não descartou medidas mais severas a partir desta semana.

Paes estava entre os prefeitos recebidos por Cláudio Castro no domingo, num encontro para discutir o que fazer diante da escalada de casos da doença.

O presidente da Associação de Supermercados do Rio, Fábio Queiroz, reuniu-se um dia antes com Castro e disse que ele se posicionou contra o lockdown. "O setor produtivo apoiou essa declaração. Ficou-se combinado que haverá um super feriadão", disse na saída do Palácio Guanabara. "A gente gostou muito da reunião. Saímos daqui na esperança de salvar vidas. As vidas são importantes, mas que também o impacto econômico seja o menor possível."

Raphael Guimarães, pesquisador em saúde pública da Fiocruz, lembra que a saturação das UTIs no município do Rio pode estar próxima, já que a cidade sozinha está com 96% dos leitos tomados, de acordo com os dados mais recentes.

"Este cenário é extremamente preocupante. Primeiro, porque a cidade absorve muito da demanda de toda a região metropolitana. Significa que, se o Rio está com a taxa de 96%, possivelmente muitos municípios do entorno já estão colapsados."

Definir uma restrição mais rigorosa "é urgentíssimo", diz. "A adoção imediata dela só teria um efeito em duas, três semanas."



Bolsonaro reúne apoiadores e diz que críticos estão 'esticando a corda'

© Getty Images
21/03/21 17:00 ‧ HÁ 47 MINS POR ESTADAO CONTEUDO POLÍTICA DECLARAÇÃO

No momento em que o Brasil passa pelo pior momento da pandemia e por um pico de mortes causadas pela covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) aproveitou seu aniversário para reagir às críticas sobre sua atuação no enfrentamento da doença. "Estão esticando a corda e faço qualquer coisa pelo meu povo. Qualquer coisa que está na Constituição, é o direito de ir e vir. Podem confiar na gente", afirmou a cerca de 100 apoiadores que se aglomeraram em frente ao Palácio da Alvorada para cumprimentá-lo pelos 66 anos completados neste domingo, 21. O Brasil já registra mais de 292 mil mortes e quase 12 milhões de casos confirmados de covid-19.

Mesmo diante do colapso no sistema de saúde e das filas de espera por leitos em diversos Estados do País, Bolsonaro mantém postura contrária a medidas de fechamento de atividade econômica determinadas por governadores. Durante a semana, o chefe do Executivo chegou a insinuar a possibilidade de decretar estado de sítio, mas depois negou que usaria a medida extrema, quando questionado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. Na quinta-feira, 18, Bolsonaro assinou Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) da Advocacia-Geral da União (AGU) apresentada ao Supremo para derrubar decretos estaduais de três governadores contendo medidas restritivas, como toque de recolher.

No Legislativo, menos de um mês da vitória dos candidatos governistas nas eleições internas, a parceria com o Centrão se alterou de um estado de "lua de mel" para cobranças públicas e ameaças veladas de abertura de impeachment e CPI para investigar o Planalto.

"Pode ter certeza de uma coisa: minha força vem de Deus e de vocês. Se alguém acha que algum dia abriremos mão da nossa liberdade estão enganados (sic)", declarou. O presidente chegou ao local acompanhado da primeira-dama, Michelle. Os dois usavam máscara, mas ele a retirou para falar com os apoiadores.

Aos presentes, Bolsonaro disse que contava com dois exércitos: o verde-oliva e a população. O presidente também declarou que as Forças Armadas devem atuar pela democracia e pela liberdade. "Vocês me deram um voto de confiança na eleição de 2018. Enquanto eu for presidente, só Deus me tira daqui. Eu estarei com vocês", garantiu. Em êxtase, apoiadores gritaram a favor da reeleição de Bolsonaro.

Diante da queda de sua popularidade devido ao ritmo lento da vacinação, Bolsonaro tomou atitude oposta à do ano passado. Há um ano, apenas dez dias depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarar que a covid-19 havia se transformado em uma pandemia, Bolsonaro evitou comemorações públicas e reuniu apenas os filhos e as netas. Ele se limitou a gravar um vídeo com mensagem de esperança sobre o tratamento da doença.Na ocasião, a informação era a de que a covid-19 havia contaminado 904 pessoas e matado dez pessoas no Brasil.

A maioria das pessoas presentes neste domingo em frente à residência oficial estava vestida de verde e amarelo. Algumas portavam bandeiras do Brasil. Grande parte dos apoiadores não estava de máscara.

Bolsonaro e Michele chegaram ao ponto de encontro com máscara - ela com um vestido cáqui - e acenaram para os populares. Um alambrado de metal separava o presidente das pessoas. Do lado de dentro, havia um bolo com a foto de Bolsonaro em uma mesa com balões e enfeites nas cores verde e amarela.

Às 14h20, os apoiadores cantaram o tradicional "Parabéns a você". Muitas das pessoas gritavam "parabéns" e diziam seu Estado de origem.

Bolsonaro também defendeu as ações do governo na área econômica. Enfatizou em sua fala que o auxílio emergencial concedido no ano passado - e que voltará a ser pago a partir do mês que vem - para as pessoas que estão passando por necessidade "é o maior projeto social do mundo", mesmo com a redução expressiva dos valores, de R$ 600 para R$ 250, e do público que será beneficiado neste ano.

O povo precisou e atendemos. O que o povo mais pede para mim agora é : ‘quero trabalhar’", disse. Na sequência, os apoiadores entoaram em conjunto: "queremos trabalhar".

O presidente manteve o tom do pronunciamento e disse que o trabalho dignifica o homem e a mulher. "Ninguém quer viver de favor do Estado porque, quem vive de favor, abre mão de sua liberdade", afirmou. "Vamos vencer essa batalha. Podem ter a certeza de que estamos no lado do bem. Não queremos que o Brasil mergulhe no socialismo. Não trilharemos esse caminho", garantiu. Em resposta, populares começaram a gritar "mito", "a nossa bandeira jamais será vermelha" e um trecho do Hino da Independência: "Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil".

Depois do discurso, Bolsonaro cortou o bolo e deu o primeiro pedaço a uma criança que estava do outro lado do alambrado. Um menino também pulou o cercado para abraçar o presidente. Michelle também falou rapidamente. Agradeceu os presentes e, em especial o "carinho com a vida do Jair e com a minha vida".

O presidente ainda pegou uma criança que estava com a camisa do Palmeiras - mesmo time de Bolsonaro - e a colocou em seus ombros. Os presentes passaram, então, a rezar o Pai Nosso. Na sequência, pediram ao casal que se beijasse e, mais uma vez, Michelle e Bolsonaro tiram as máscaras para atender ao povo. Antes de sair do local, o presidente ainda colocou outra menina em seus ombros, tirou selfies, ouviu pedidos dos presentes e recebeu uma oração.

Mais cedo, em mais uma tentativa de ajustar o discurso contrário à vacinação que manteve durante todo o ano de 2020, Bolsonaro usou as redes sociais para exaltar a chegada das primeiras vacinas oriundas do Consórcio Covax Facility, da AstraZeneca, produzidas na Coreia do Sul, e a distribuição de novas doses de imunizantes produzidos pela Fiocruz e pelo Instituto Butantan.

No exterior, o Brasil gera preocupações. A nova cepa brasileira já foi identificada além da fronteira e é motivo de preocupação entre autoridades da região. Peru e Colômbia proibiram voos do Brasil. O Uruguai mandou mais doses de vacinas para a fronteira com o Rio Grande do Sul. Quem vai do Brasil para o Chile precisa ficar em quarentena. Os argentinos impuseram restrições à entrada de brasileiros e a Venezuela tem medo da nova variante surgida no País.

No sábado, 20, o governo brasileiro informou, por meio do Itamaraty, que começou tratativas com os Estados Unidos sobre eventual importação de doses de vacinas contra covid-19 no dia 13 de março. A movimentação do Brasil, no entanto, aconteceu depois de requisição semelhante feita por outros países e também após a Casa Branca ser pressionada pela comunidade internacional para compartilhar doses paradas.

No dia 11 de março, o jornal The New York Times revelou que países haviam requisitado o excedente de vacinas de Oxford/AstraZeneca que não estão em uso. Segundo o jornal, autoridades do governo Biden já discutiam a possibilidade de enviar doses ao Brasil, que é considerado o novo epicentro do coronavírus e um celeiro mundial de novas cepas, antes mesmo do pedido do governo brasileiro.

Neste domingo, 21, o Ministério da Saúde admitiu que o cumprimento dos prazos previstos no cronograma de entrega de vacinas depende dos laboratórios fabricantes. A informação do ministério foi divulgada após notícia do jornal O Globo, com base em informações da Agência Reuters, apontar um provável atraso na entrega de vacinas AstraZeneca/Oxford com produção pelo laboratório Serum, da Índia.

A nota do Ministério da Saúde ressalta que o contrato firmado com o laboratório Serum prevê a entrega de 2 milhões de doses da vacina AstraZeneca/Oxford importadas por mês, em abril, maio, junho e julho, totalizando 8 milhões ao fim de julho. A pasta, no entanto, admite que trabalha com a possibilidade de atraso pelo fornecedor, embora tenha dito que não havia sido informada pela fabricante na Índia a respeito do possível atraso na entrega das doses do Serum.

"É importante esclarecer que o cronograma de entregas de doses, enviado pelos laboratórios fabricantes para o Ministério, pode sofrer constantes alterações, de acordo com a produção dos insumos", disse


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