Pesquisa foi
conduzida por pesquisador da Ufac em parceria com outras universidades e foi
publicada em revista científica. Estudo analisou 2.351 pessoas infectadas pelo
coronavírus de Rio Branco e trouxe essa possível relação entre as duas
infecções. Médico fala sobre estudo que sugere que quem teve dengue pode ter
imunidade contra Covid Pessoas com histórico de infecção por dengue apresentam
sintomas mais leves ao contraírem o novo coronavírus e registram menor
mortalidade causada pela Covid-19. A conclusão é de um estudo liderado pelo
professor e presidente do Comitê de Gerenciamento de Crise da Covid-19 da
Universidade Federal do Acre (Ufac), Odilson Silvestre. A pesquisa foi
publicada na revista científica “Clinical Infectious Diseases”, da editora da Universidade
de Oxford, no Reino Unido. Ao todo, foram analisadas 2.351 pessoas infectadas
pelo coronavírus da capital acreana, Rio Branco, com idade média de 40 anos,
sendo que 49% eram do sexo masculino. Desse total, 1.177, ou seja 50%,
relataram história prévia de dengue. O estudo mostrou que apenas 23 pacientes
foram assintomáticos para a Covid-19, sendo que desses 16 não tinham histórico
de dengue e sete tinham. Após um acompanhamento médio de 60 dias desses mais de
2,3 mil pacientes, foram registradas 38 mortes entre o grupo. De acordo com a
pesquisa, entre as vítimas fatais, 26 não tinham contraído dengue anteriormente
e 12 tinham histórico de infecção por dengue. Ou seja, 68,4% dos óbitos por
Covid-19 foram de pessoas que não tiveram a doença. “Todo mundo está buscando
dados, novidades e aspectos de proteção contra a Covid-19 e nós na Ufac,
juntamente com outras universidades do Brasil e do mundo, avaliamos pessoas que
tiveram a Covid. Quando perguntamos se já tiveram dengue em algum momento,
aquelas que responderam que já tiveram infecção pelo vírus da dengue, tiveram
uma evolução melhor da Covid. Ou seja, houve menos mortes entre aqueles que já
tiveram dengue. Isso mostra, portanto, que pode ter uma relação entre essas
duas doenças. Talvez quem já teve dengue no passado, agora tem alguma forma de
proteção contra o coronavírus”, explicou Silvestre. Ainda segundo o
pesquisador, os dados apontam que essa possível proteção em quem já teve dengue
vale para todas as faixas etárias. Médico fala sobre estudo que sugere que quem
teve dengue pode ter imunidade contra Covid-19 Reprodução/Rede Amazônica Outros
estudos Ele lembrou que existem vários outros estudos sobre o comportamento do
coronavírus e citou um que sugere que os lugares em que grande parte da população
contraiu dengue no ano passado e no começo deste ano demoraram mais tempo para
ter transmissão comunitária exponencial da Covid-19. A pesquisa citada também
diz que esses lugares registraram números menores de casos e de mortes causadas
pelo novo coronavírus, indicando uma possível interação imunológica entre os
dois vírus. “Já foi aventada essa relação em um estudo no Brasil, mas era um
estudo ecológico, que não avalia os indivíduos. Alguns pesquisadores já tinham
visto que nas cidades que tinham mais dengue, o número de mortes por Covid-19
era menor. O que fizemos foi avaliar se essas pessoas realmente estão
protegidas e vimos que parece que sim”, destacou. Sobre a importância dos
resultados da pesquisa feita no Acre, o professor afirmou que pode, inclusive,
auxiliar na produção vacinas. “Isso pode ajudar talvez na produção de vacinas e
entender melhor a imunologia desse vírus, o que está acontecendo com ele e o
que pode acontecer com as pessoas. A ideia é justamente que há essa associação,
mas nós não podemos categoricamente já dizer que isso está provado. Na ciência
o caminho é longo e nós precisamos de mais dados, mas isso é bastante
promissor, é o que chamamos de estudo gerador de hipóteses, devem vir outros
estudos para confirmar isso.” Mesmo com a importante novidade, o pesquisador
alertou que a população não deve relaxar nas medidas de prevenção contra a
Covid-19. Mesmo aquelas pessoas que já contraíram a dengue. “O que fica aqui é
que todas as pessoas, tenham elas sido infectadas pelo vírus da dengue em anos
passados ou não, devem continuar se protegendo, tomando todas as medidas de uso
de máscara, higienização de mãos e distanciamento social”, concluiu. Covid-19
no Acre O Acre registra 41.620 casos de infecção por coronavírus e 795 mortes
por complicações da doença, segundo o último boletim divulgado pela Secretaria
Estadual de Saúde (Sesacre). Segundo a Sesacre, 33.670 pessoas já receberam
alta médica da doença, enquanto 219 pessoas seguem internadas, das quais 134
com teste positivo para a Covid. A taxa de internação registrou um aumento de
quase 10%. O estado está em contaminação comunitária desde o dia 9 de abril,
com uma taxa de incidência de 4.730 casos para cada 100 mil habitantes e a de
mortalidade é de 90,9 para o mesmo grupo. Já a letalidade está em 1,9%.
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