O dia da Páscoa deriva da tradição judaica e é a mais importante comemoração para os cristãos, pois celebra a Ressurreição de Cristo.
O dia de celebração da Páscoa é o principal dia do calendário litúrgico cristão, pois é nesse dia que se comemora a Ressurreição de Cristo, sendo a partir dele que todas as outras datas importantes do cristianismo são calculadas (Semana Santa, Quaresma, Quarta-feira de Cinzas etc.). A liturgia cristã, contudo, deriva de elementos da tradição judaica. Para compreender de fato o que vem a ser a Páscoa, é necessário saber o que era a Pessach para os judeus.
O termo hebraico Pessach significa “a travessia” ou “passagem” e, tradicionalmente, designa o momento em que o povo hebreu, guiado por Moisés, saiu da escravidão no Egito e atravessou o Mar Vermelho em direção à Terra Prometida. As bases do ritual da páscoa judaica podem ser verificadas no capítulo 12 do livro do Êxodo. O acontecimento da libertação dos hebreus do jugo egípcio ocorreu na época da primavera, de modo que, desde então, em toda primavera sacrificava-se um cordeiro como oferenda ao Deus que os havia libertado.
Com o tempo, no início da formação da cristandade, alguns grupos da Igreja Primitiva davam continuidade ao ritual judaico (incluindo o sacrifício do cordeiro), enquanto outros rejeitavam essa prática, pois interpretavam que Cristo era o símbolo do último cordeiro (o cordeiro e filho de Deus), que foi enviado como vítima para a remissão dos pecados e salvação dos homens. Os rituais católicos relacionados com a Páscoa passaram a ser organizados, então, com base em autossacrifício, como o jejum e as penitências da Quaresma. O antigo historiador da Igreja Primitiva, Eusébio de Cesareia, deu testemunho dessa adaptação:
“Por este tempo levantou-se uma questão bastante grave, por certo, porque as igrejas de toda a Ásia, apoiando-se em uma tradição muito antiga, pensavam que era preciso guardar o décimo quarto dia da lua para a festa da Páscoa do Salvador, dia em que os judeus deviam sacrificar o cordeiro e no qual era necessário a todo custo, caindo no dia que fosse na semana, pôr fim aos jejuns, sendo que as igrejas de todo o resto do mundo não tinham por costume realizá-lo deste modo, mas por tradição apostólica, guardavam o costume que prevaleceu até hoje: que não é correto terminar os jejuns em outro dia que não o da ressurreição de nosso Salvador.” (EUZÉBIO DE CESARÉIA. História Eclesiástica. Livro V, XXIII, §1.)
O fato é que, a partir do Concílio de Niceia, realizado no século IV d.C., a Páscoa passou a ser celebrada no equinócio da Primavera, podendo ser então comemorada entre os dias 22 de março e 25 de abril. Essa tradição permanece até hoje e o dia da Páscoa varia em função dela. Os dias do carnaval e do período da Quaresma também existem em função do dia da Páscoa. Esse processo de instituição de comemoração da Páscoa também assimilou vários mitos do norte da Europa, como o mito da deusa germânica Ostara, com o qual estão relacionados os símbolos dos ovos e do coelho.
Hoje em dia, todos esses elementos entrelaçam-se com a indústria dos ovos de chocolate, formando a festa que comemoramos.
Fonte Cláudio Fernandes